Cyberbullying: O que pais e professores (mas não só) devem saber para evitar este fenómeno. (2ª parte)
Como tinhamos referido na a semana passado aquando do primeiro "post" este artigo teria duas partes, com a segunda a surgir agora oportunamente numa altura em que atos de violência gratuita continuam a surgir como foi o caso da agressão entre duas jovens através de um x-ato. Na altura foi referido que na origem da agressão terá estado um telemóvel, mas depois já adiantavam um simples pedido de cigarro - em Braga semelhante pedido acabou em homicidio de um sem abrigo de 60 anos por parte de um estudante do pólo de Braga de Faculdade de Filosofia - outros já dizem que foi um pedido de 10 euros.
Meu Deus, onde isto chegou! Motivos tão fúteis terminam em agressão ou mesmo morte, no caso de Braga.
Na primeira parte sobre este fenómeno recente entre nós demos corpo á necessidade de pais, professores e alunos, estarem alertados para o (cyber)bullying para que antecipem estragos físicos e mentais em seus filhos e educandos. Devem ficar atentos a todas as atitudes e comportamentos, humor e companhias junto com uma disponibilidade total para os ouvir (com muita atenção).
A criança sentindo-se humilhada e com receio de represálias por parte do autor deste tipo de terror, muitas das vezes fecha-se em silêncio, cria barreiras, afastando-se de familiares e amigos, deixa para plano secundário as tarefas que até aí desempenhava diariamente sejam de nível escolar sejam de nível social – brincar com os amigos, estudar… - (por vezes até ignora por completo) pois fica com receio de “ser mal visto”perante os colegas, que comecem a chamar-lhe nomes (queixinhas, menino da mamã…) que lhe apontem o dedo e riem de uma forma sarcástica, fazendo-o sentir-se á parte do resto do seu grupo, retrai-se. Pode acontecer o desânimo completo num aluno com bom aproveitamento até terem sido vitima deste fenómeno e que depois passam a desinteressar-se por completo pelos estudos, passando por depressões, mau humor, sem interesse pela vida…
O cyberbullying pode ir de um e-mail com ameaças, comentários ofensivos, um boato publicado de forma aberta numa comunidade virtual até uma perseguição que ultrapassa o mundo digital e passa para o universo físico. Onde vivemos e onde o terror toma forma para mal dos seus pecados. As formas são variadas, assim como os conteúdos. A intenção é sempre a mesma: desestabiliza ou humilhar a vítima.
O autor por vezes conhecedor das fragilidades psicológicas do seu “alvo” é sobre ele que actua mais rapidamente aproveitando esse perfil e por isso mesmo estas crianças merecem maior atenção. Seja da parte dos pais seja dos professores e colegas. Só o facto de ser um aluno brilhante, causador de invejas, ou de não conseguir (ou não querer) integrar-se em grupo, remetendo-se ao isolamento, ou seja portador de alguma deficiência, ser de raça ou religião diferentes, são alguns dos exemplos em que pode ser o suficiente para que a pessoa seja alvo deste fenómeno.
No caso concreto englobamos no bullying o cyber, ou seja, a sua versão digital, mas os telemóveis, a simples partilha de fotos, gravações mp3, as redes de amigos e redes sociais de partilha de perfis, blogues são também utilizados para aterrorizar. Tudo são ferramentas que usadas de forma menos leal tornam-se numa autêntica arma letal que podem ser usadas para essa nova ameaça da era digital. O acesso cada vez mais facilitado das crianças ao mundo digital sobretudo a partir de um computador, foi o responsável da passagem do bullying para a rede mundial. E lidar com esta versão de bullying é ainda mais difícil pois virtualmente o (s) autor (es) esconde-se quase sempre atrás do anonimato e aproveitando o facto actua indiscriminadamente o que o torna ainda mais violento do que o bullying escolar.
Se na “vida real” onde quase sempre acontece a descoberta e identificação do agressor, é difícil colocar um travão às situações de maus-tratos, pressão psicológica, agressões físicas, intimidações ou humilhações, passando para o espaço virtual podemos imaginar o grau de dificuldade em conter os autores que se disseminam na rede mundial. Por isso, os pais e professores têm cada vez mais responsabilidade em saber lidar com as crianças/alunos e a sua orientação com as novas tecnologias. Tem de haver um cuidado e atenção constantes e redobrados sobre as suas visitas a sítios e blogues, na partilha de fotografias ou e-mails, quer através da internet quer através dos telemóveis. Certamente que se tratará de uma operação hercúleo pois as crianças nesta fase de suas vidas na maior parte dos casos consegue “ludibriar” os pais por maior conhecimento sobre as novas tecnologias, por isso pede-se empenho em saber um pouco mais sobre como funciona este novo mundo dos computadores e telemóveis. No final, para além de evitarem males maiores ficam “experts” em temas tão importantes e necessários nos dias que correm! Muito mais além do simples escrever uma carta no “Word” ou em pressionar as teclas numéricas para efectuar uma chamada telefónica para amigos. Há casos verdadeiramente horríveis de cyberbullying. Em alguns casos a pressão sobre as crianças é tão grande que pode resultar em actos cujo limite é o suicídio. Bloguer’s adultos, jornalistas, mesmo advogados também sentem o peso do ataque e chegam a abandonar suas actividades on-line para recuperar o equilíbrio emocional depois de um período de perseguições intermináveis.
Os casos de vítimas são reais e foram relatadas por quem recebeu pedidos de ajuda ou recolhidos na comunicação social. Como o caso de uma jovem 16 anos com largas centenas de contactos no famoso hi5 que foi, de repente, confrontada com constantes telefonemas. Veio a descobrir-se que as suas fotos se mantinham intactas, só que acompanhadas de mensagens fora do contexto, de cariz sexual, convidando ao encontro. Os textos terminavam sempre da mesma forma: com o seu contacto telefónico. A jovem vivia o seu dia-a-dia aterrorizada com receio que seus familiares e amigos descobrissem esse falso perfil tratado por alguém que desconhecia (?), mas que tivera acesso ao seu contacto pessoal e partissem para a pressão. Um outro caso deu-se com uma professora que viu a sua imagem retratada num fórum sexual e com comentários insultuosos, com informações deturpadas sobre si. Outra jovem vítima de cyberbullying: o namorado que não aceitou o fim da relação, mudou-lhe a palavra-chave de acesso ao mesmo hi5, modificou todo o perfil da página e sua orientação sexual, fez montagem de fotografias, colocou o número de telefone de casa e enviou mensagens difamatórias a todos os contactos do seu e-mail.
E se há dificuldade em distinguir uma brincadeira de mau gosto do que é um comportamento de bullying há um elemento que os distingue á partida: o (cyber) bullying tem por característica o seu cariz repetitivo. Tomemos como exemplo os casos aqui referenciados: uma vez divulgados e vistos por terceiros sofrem imediatamente repetição e a vítima é ridicularizada e muitas vezes usam e abusam com base na intimidação. Por isso é cada vez mais necessária a atenção por parte de educadores e pais. Ficar atento ao que os seus filhos costumam visitar na internet, fazer filtragens, consultar os favoritos e verificar o histórico para se inteirarem quais os “sites” que costuma visitar, fazer restrições no computador.
Partindo do principio que o objectivo é o de melhorar as relações pessoais em espaço escolar pretende-se da parte dos pais e professores debates com o intuito de encontrar formas de combater o cyberbullying.
O objectivo será o de reverter a triste tendência que existe cada vez mais no meio digital. Infelizmente os meios tecnológicos utilizados que seriam, em princípio, para facilitar e melhorar a vida das pessoas, estão a ser utilizados para intimidar ou humilhar e insultar as pessoas, sobretudo as mais vulneráveis física e mentalmente.
As pessoas que praticam esta forma de terrorismo são normalmente adolescentes sem limites e escrúpulos de qualquer natureza, insensíveis, inconsequentes e insensatos. Apesar de gostarem da sensação que é causada ao destruir outra pessoa, eles podem ser processados por calúnia e difamação, sendo obrigados a disponibilizar uma considerável indemnização. Caso para escrever que os erros pagam-se caro. Com toda a justiça. CAR