O primeiro-ministro italiano não quer virar a página antes da votação no Parlamento porque "ceder significaria trair o país".
"Vocês não entendem? Eu nasci nas urnas, à luz do sol, e se devo morrer, que seja no Parlamento, não vou demitir-me. Cometi erros, mas não desisto dos meus princípios e do que represento porque uma oposição irresponsável diz estar pronta para não votar as medidas de austeridade", disse o chefe do governo italiano, citado pelo jornal 'Corriere della Sera'.
Berlusconi continua sublinhando que "se morrer faço-o no Parlamento" porque "ceder significaria trair o país e a mim, por isso nunca o vou fazer".
O primeiro-ministro italiano enfrenta hoje um teste à sua sobrevivência política na votação parlamentar de um documento da execução orçamental do Estado de 2010. A imprensa prevê que sejam conseguidos 311 a 312 votos, abaixo da maioria absoluta de 316.
A votação vai decorrer num momento de enorme pressão para Berlusconi abandonar o cargo. Sinal evidente dessa tensão foi o pedido do porta-voz do partido de Angela Merkel para o primeiro-ministro italiano resignar.
Os mercados também parecem pedir o fim da era Berlusconi, dado que os juros associados à dívida pública no mercado secundário têm batido sucessivos máximos históricos para valores muito próximos de 7%, barreira que "convenceu" Grécia, Irlanda e Portugal a pedir ajuda externa.
Itália é a terceira maior economia europeia e tem uma dívida equivalente a 120% do PIB. Mesmo sem pedido de assistência financeira, o FMI já está em Roma para monitorizar as contas públicas italianas.